[LP] Sujeito e Predicado. A importância da análise sintática II

Análise Sintática II

Books by Moyan Brenn

No post anterior de língua portuguesa vimos o que é análise sintática, as diferenças entre frases, orações e período, além de um conceito básico sobre vocativo e um quadro resumido dos termos da oração. Iniciamos, também, a análise sintática pelo vocativo que é bem simples de entender.

Lembra-se do quadro do post anterior sobre os termos da oração? Para refrescar a memória, coloco-o aqui:

I.Essenciais II.Integrantes III.Acessórios IV.Vocativo
Sujeito Complemento verbal (O.D./O.I.) Adjunto Adnominal
Predicado Complemento nominal Adjunto adverbial
Verbo Agente da Passiva Aposto

Nota: O.D. = Objeto Direto. O.I. = Objeto Indireto

Vamos iniciar pelos termos essenciais: sujeito e predicado.  O sujeito é o termo da oração que indica o tópico da comunicação. Já o predicado é o comentário da comunicação. Vejamos:

Sujeito (Tópico)          Predicado (Comentário)
João                              está estudando.
O livro                            está na biblioteca.
Curitiba                         é a capital do estado do Paraná.

Para descobrir qual é o sujeito da oração pergunta-se “o que (…)?”, “qual (…)?” , “quem (…)?”, etc, para o verbo. Assim, tomando-se como exemplo as orações acima, temos:

Quem está estudando? João. (portanto, “João” é o sujeito)
O que está na biblioteca? O livro. (da mesma forma, “o livro” é o sujeito da oração)
Qual é a capital do estado do Paraná? Curitiba.

É importante observar que nem sempre o sujeito está no início da frase:

Naquele ano, a cerejeira do Curso Bunkyô brotou bonitas flores.

De forma que temos como sujeito: a cerejeira do Curso Bunkyô
E como predicado: brotou, naquele ano, bonitas flores.

Você observou aqui que as orações podem ter diferentes ordens. Veja:

Naquele ano brotou bonitas flores a cerejeira do Curso Bunkyô.
A cerejeira do Curso Bunkyô, naquele ano, brotou bonitas flores.
Brotou, naquele ano, bonitas flores a cerejeira do Curso Bunkyô.
A cerejeira do Curso Bunkyô brotou, naquele ano, bonitas flores.

Tendo isto claro, vamos ver como se classifica o sujeito:

SUJEITO

O sujeito pode ser (1) simples, (2) composto, (3) indeterminado. Também tem-se (4) orações sem sujeito (inexistente). Mas antes de vermos um a um esses quatro diferentes tipos de sujeito, precisamos entender o conceito de núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito nada mais é do que a parte mais importante do sujeito (um substantivo ou um pronome). Por exemplo, na frase:

Meu querido irmão viajará para a França amanhã.

O sujeito é “meu querido irmão”. Mas a palavra mais importante é “irmão”, de modo que “irmão” será o núcleo do sujeito.

(1) SUJEITO SIMPLES

Quando a oração tem um só núcleo. Exemplos:

Eu estudarei amanhã.
João acordou ontem às 6 horas.
A bandeira do Brasil é verde, amarela, azul e branca.

Nota: O sujeito das orações do tipo “Somos brasileiros”, antigamente chamado de sujeito oculto (pois o “nós” não é escrito, porém está implícito), é classificado como sujeito simples.

(2) SUJEITO COMPOSTO

Mas se o sujeito apresenta mais de um núcleo, ou seja, mais de uma palavra é importante na oração, ele será sujeito composto (os núcleos são separados por vírgulas, ligados por conjunções coordenativas). Exemplos:

Eu e ela vamos para a praia. (Sujeito → Eu e ela. Núcleo do sujeito → eu, ela)
Pedro ou Joaquim escreveu este texto. (Sujeito → Pedro ou Joaquim. Núcleo do sujeito → Pedro, Joaquim)

(3) SUJEITO INDETERMINADO

Ocorre quando não podemos determinar claramente o sujeito da oração, embora saibamos que este existe:

Falaram que em Curitiba há muitos pinheiros.  (Quem? Não sei, mas sei que alguém falou.)
Estão te chamando lá fora. (Quem? Não sei, mas sei que alguém está.)

Em ambos os casos, não sabemos exatamente quem é o sujeito da oração, por isso o sujeito é indeterminado e pode ser assim construído:

► com verbo na 3ª pessoa do singular ou plural ou infinitivo:

Diz que amanhã vai nevar em Curitiba. (ou, mais comumente, “dizem que”)
Estão cantando.
É interessante entender a gramática. (entender = alguém entenda)

► com o pronome se junto ao verbo (como se fosse “alguém” ou “a gente”):

Precisa-se de médicos urgentemente.
Vive-se perigosamente.

(4) ORAÇÕES SEM SUJEITO

São os casos que não têm sujeito. Centra-se a comunicação no predicado (comentário). Normalmente usado para situações climáticas ou fenômenos da natureza, de existência ou de tempo:

Chove muito hoje. (fenômeno da natureza)
Há alguns cachorros na frente do restaurante. (existência)
É tarde. (tempo)

Os verbos que não têm sujeitos são chamados de verbos impessoais.

Assim, tem-se:

SUJEITO
Simples (um só núcleo: Joaquim não trabalhou ontem.)
Composto (mais de um núcleo: Pedro e Paulo foram para Morretes de trem.)
Indeterminado (Dizem que vai chover. / Precisa-se de vendedores.)
Oração sem sujeito (Há livros bons nesta biblioteca. / Anoitece. Faz frio.)

BÔNUS

Lembra-se da música “O mundo é um moinho” do post anterior sobre análise sintática? Vamos analisar alguns tipos de sujeito que temos na letra?

O mundo é um moinho (Cartola)

Ainda é cedo, amor → Oração sem sujeito (verbo “ser” indicando tempo)
Mal começaste a conhecer a vida → Sujeito simples (antigamente chamado de oculto: tu mal começaste)
Já anuncias a hora de partida → Sujeito simples (tu já anuncias)
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar Sujeito indeterminado (saber: alguém saiba) e Simples (tu irás)

Preste atenção, querida → Sujeito simples (oculto: preste você)
Embora eu saiba que estás resolvida → Sujeito simples (eu saiba; oculto: tu)
Em cada esquina cai um pouco a tua vida → Sujeito simples (a tua vida)
Em pouco tempo não serás mais o que és → Sujeito simples (tu não serás; tu és)

Ouça-me bem, amor → Sujeito simples (oculto: ouça-me você)
Preste atenção, o mundo é um moinho → Sujeito simples (oculto: preste você; o mundo)
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho → Sujeito simples (oculto: ele (o mundo))
Vai reduzir as ilusões a pó → Sujeito simples (oculto: ele (o mundo))

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo → Sujeito simples (tu)
Quando notares estás à beira do abismo → Sujeito simples (oculto: tu notares; tu estás)
Abismo que cavaste com os teus pés → Sujeito simples (oculto: tu cavaste)

Até breve! µ

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